Imagine atender um paciente com diabetes tipo 2 que apresenta pressão arterial de 136/84 mmHg. Antes, esse valor poderia não gerar tanta preocupação. Agora, com as novas diretrizes da American Heart Association (AHA) e do American College of Cardiology (ACC), 2025, ele já acende um alerta importante.
Essas atualizações reforçam que o controle da pressão arterial deve começar cedo e ser mais rigoroso em pacientes com diabetes, pois o risco cardiovascular e renal é muito maior.
E aqui entra o papel essencial do nutricionista: atuar de forma ativa, estratégica e baseada em evidências para evitar que o paciente evolua para complicações graves.
Sumario:
Por que o tema voltou aos holofotes: Hipertensão e Diabetes
O documento de 2025 reafirma o ponto crítico: a meta geral de pressão arterial é < 130/80 mmHg para adultos.
Para pessoas com diabetes, essa meta se mantém, mas com ênfase em individualização e segurança clínica (evitando hipotensão, por exemplo).
O novo cálculo de risco cardiovascular de 10 anos, o PREVENT, substitui a antiga Pooled Cohort Equation. No entanto, ele não se aplica a quem já tem diabetes, pois esses pacientes já são automaticamente classificados como de alto risco.
Em outras palavras: quem tem diabetes precisa intervir antes, de forma mais estruturada e integrada, e isso inclui a nutrição como ferramenta terapêutica de primeira linha.
Principais Pontos das Diretrizes AHA/ACC 2025
Meta pressórica: foco na individualização
< 130/80 mmHg é o alvo para a maioria dos adultos, inclusive os com diabetes tipo 2.
A meta deve ser ajustada caso o paciente apresente fragilidade, hipotensão sintomática ou comorbidades graves.
Início precoce do tratamento: ação imediata
Pacientes com diabetes e pressão ≥ 130/80 mmHg já devem receber intervenção intensiva de estilo de vida e, se necessário, tratamento farmacológico precoce.
A decisão não depende do cálculo de risco, o diagnóstico de diabetes já define o alto risco.
Abordagem multifatorial: Nutrição como primeira linha
A diretriz reforça o impacto combinado de nutrição, controle de peso, redução do sódio, atividade física regular, sono e manejo do estresse.
A alimentação baseada em padrões **DASH ou Mediterrâneo** mostrou melhor controle da PA, melhora da sensibilidade à insulina e proteção renal.
Proteção renal e cardiovascular: integração terapêutica
Em pacientes com albuminúria ou doença renal crônica, o uso de IECA ou BRA é prioritário.
A nutrição deve integrar-se a essa estratégia, ajustando proteína, potássio e sódio conforme função renal e medicamentos.
Monitorização contínua: detecção de riscos
O controle domiciliar da pressão (HBPM) e a monitorização ambulatorial (MAPA) são recomendados para detectar hipertensão mascarada ou padrões noturnos alterados, comuns no diabetes.
Como o Nutricionista Transforma essa Ciência em Prática
As diretrizes são claras. Mas como o profissional de nutrição aplica esse conhecimento no dia a dia do consultório ou clínica?
Avalie com profundidade
Vá além da glicemia e do IMC. Inclua pressão arterial, função renal, padrão alimentar e histórico familiar.
Monte planos com propósito clínico
Construa o plano alimentar com metas de PA, HbA1c, perfil lipídico e adesão alimentar.
- Reduza o sódio (preferencialmente < 2 g/dia).
- Estimule o consumo de frutas, verduras, leguminosas e grãos integrais.
- Oriente sobre álcool, cafeína e ultraprocessados, todos reconhecidos pela AHA como fatores de elevação pressórica.
Acompanhe e mensure resultados
Faça reavaliações a cada 4–6 semanas, registre PA, adesão e mudanças de comportamento.
Use diários alimentares, aplicativos de monitoramento e feedback em tempo real.
Atue em equipe
Trabalhe com o médico e o educador físico: a diretriz 2025 valoriza o *team-based care*, ou seja, cuidado coordenado entre profissionais.
Comunique-se com evidência
Mostre ao paciente e à equipe que mudanças alimentares não são opcionais, são parte do tratamento, com impacto comprovado em prevenção de AVC, infarto e nefropatia diabética.
O Que Muda na Prática Profissional
Essas novas metas exigem que o nutricionista assuma um papel mais ativo e técnico, integrando:
- Acompanhamento clínico com dados reais;
- Estratégias personalizadas para adesão;
- Comunicação interdisciplinar e científica.
Quem domina esse campo não apenas melhora desfechos clínicos, conquista autoridade e se diferencia no mercado.
Conclusão: Cuidar da Pressão é Cuidar de Todo o Paciente
A diretriz AHA/ACC 2025 não trouxe apenas números novos, ela trouxe um chamado à ação. E o nutricionista é parte fundamental dessa resposta.
Controlar a pressão em quem tem diabetes é proteger coração, rins e cérebro, e, principalmente, devolver qualidade de vida.
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Fonte: AHA/ACC 2025 Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults.